Embora o número de mortes nas BRs que atravessam nossos estados esteja aumentando a cada feriado, nenhum plano de emergência é apresentado pelas autoridades responsáveis por sua manutenção ou sua segurança. O número de acidentes e mortos pelas deficiências das BRs, esburacadas e mal policiadas, foi 30% maior neste ano do que em 2009. Todos sabem onde os acidentes acontecem, curva por curva, mas o discurso de que o culpado é o motorista imprudente continua de forma repetitiva e inútil, já que os números só pioram, a cada ano. Apesar dos milhares de acidentes registrados, apenas 3% do R$ 196,5 milhões destinados ao fomento de projetos de redução de acidentes no trânsito, principal ação do Fundo Nacional de Segurança e Educação de Trânsito ( Funset), foi desembolsado nos dez primeiros meses de 2010. Um levantamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF) aponta que neste ano 54 pessoas já morreram em acidentes na BR-277, entre Cascavel e Foz do Iguaçu. Onze mortes aconteceram no trecho de Cascavel a Santa Tereza do Oeste, 33 de Santa Tereza a Medianeira a Foz, onde a pista é duplicada. No trecho com maior número de fatalidades é possível observar ainda um aumento de 65% nos casos fatais com relação ao mesmo período de 2009, quando aconteceram 20 mortes. Já na pista dupla houve redução de 27 para 10 mortes (63%). Segundo a PRF é comum o desrespeito às leis de trânsito. As filas nos trechos não duplicados são grandes e a paciência é curta. Vários motoristas fazem ultrapassagens perigosas e em locais proibidos. Se for imprudência dos motoristas a causa e não a falta de barreiras físicas entre uma pista e outra, que evitariam as mortes, está provado que não existem metas no Governo para redução das terríveis cifras de mortes no trânsito das estradas brasileiras. A única meta que parece existir é a sucessão presidencial e a continuidade no poder. Um contrato assinado há 13 anos, em novembro de 1997, entre a concessionária que administra a BR-277 e o Governo do Paraná, previa a duplicação do trecho Cascavel a Medianeira. Porém desde então o contrato sofreu alterações. Em 2004, após estudos realiazados pelo DER/PR e concessionária, foi acordada uma redução de 30% nas tarifas do pedágio e em contrapartida, alguns investimentos foram excluídos das obrigações da concessionária, para que se mativesse o " equilíbrio econômico e financeiro do contrato". Entre as obrigações excluídas estava a obra de duplicação do trecho entre Medianeira e Cascavel. Esse foi o preço que está sendo pago pelas mortes da 277. No entanto desde fevereiro de 2008, quando a concessão foi assumida pelo grupo EcoRodovias , a concessionária vem buscando um entendimento com o governo estadual para que a duplicação volte a fazer parte do contrato de concessão e apresentou na semana passada, em Matelândia , o projeto de duplicação da BR-277 entre Medianeira e Cascavel. Certamente a vontade política do nosso novo governador irá alavancar este sonho e transformar nossa rodovia numa grande avenida, ligando as principais cidades do Oeste. Cabe, pois, ao Estado, proteger os motoristas pela via da fiscalização e da construção e manutenção de rodovias minimamente seguras, com pistas independentes e separadas por barreiras físicas de concreto ou aço.
Jack Szymanski é médico oftalmologista com especialização em medicina de tráfego - szymanski@brturbo.com.br
Matéria postada no Jornal O Paraná em 09 de Novembro de 2010. Pg A3
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